Os conselhos municipais de meio ambiente são órgãos colegiados inseridos no poder executivo municipal de natureza deliberativa ou consultiva integrados por diferentes atores sociais (governo, empresariado, universidades, trabalhadores e sociedade civil) que lidam com temas relacionados ao meio ambiente e que integram a estrutura dos órgãos locais do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), sistema que se encontra previsto no artigo 6º da lei federal nº. 6.938/1981.
Trata-se de uma estrutura administrativa peculiar à gestão ambiental no Brasil, tendo seu fundamento jurídico no artigo 20 da resolução nº. 237/97 do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e no princípio da participação popular integrante do direito ambiental. Estes conselhos são uma representação em nível local do que ocorre a nível nacional como o CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente).
Estes conselhos de políticas públicas têm a função de opinar e assessorar o poder executivo municipal – a prefeitura, suas secretarias e o órgão ambiental municipal – nas questões relativas ao meio ambiente. Nos assuntos de sua competência, funcionam também como um fórum para se tomar decisões, podendo possuir um caráter deliberativo, consultivo e normativo. A composição e quantidade de membros desses conselhos variam de acordo com cada município.
No entanto, cumpre citar que apesar de poderem possuir caráter normativo, esta prerrogativa é limitada a expedir resoluções e deliberações, visto que a competência para criação de leis é uma exclusividade do poder legislativo, que no caso dos municípios brasileiros é representado pela câmara de vereadores.
Apesar de ser ainda insuficiente a quantidade de municípios brasileiros que implantaram os conselhos municipais de meio ambiente, têm havido um crescimento de sua implantação no país. Nesse sentido, a maioria das capitais brasileiras já o possuem se destacando nacionalmente, o CONSEMAC do Rio de Janeiro (RJ), o CADES de São Paulo(SP), o COMAM sigla mais utilizada pelas capitais e que se refere aos conselhos de Salvador (BA), de Porto Alegre (RS), Recife (PE), João Pessoa (PB), Fortaleza (CE) e de Belo Horizonte (MG), o CONDEMA, sigla que denomina o conselho de Florianópolis (SC), o COMDEMA de Vitória (ES), de Manaus (AM) e de Porto Velho (RO), CONSEMMA deBelém (PA) e de Boa Vista (RR), o CMMA de Campo Grande (MS), o COMUMA de São Luís (MA) e também o Conselho Municipal do Meio Ambiente de Curitiba (PR).
A Participação Social como processo de consolidação da democracia no Brasil Alexandre Ciconello Introdução Em sua história recente, o Brasil viveu mais de 20 anos – entre 1964 e 1985 – sob o regime autoritário militar, onde a participação dos cidadãos na esfera pública era limitada e desencorajada. Isso não impediu que por fora dos espaços oficiais e controlados, uma pluralidade de experiências participativas e emancipatórias florescesse na base da sociedade brasileira. Grande parte das forças políticas e sociais que impulsionaram o processo de redemocratização do país na década de 1980, estava imbuída de uma concepção democrática ampliada, que não se restringia apenas ao restabelecimento do sistema representativo eleitoral. O desejo popular era maior. Tratava-se de mudar a estrutura do Estado, não-democrático, excludente e autoritário, transformando-o radicalmente. Não por meio de uma ruptura institucional ou de uma revolução, mas sim por uma transformação gradual das estruturas de poder. Pretendia-se alargar a participação de homens e de mulheres nas decisões políticas que afetavam suas vidas. Mas como transformar esses ideais em realidade? Que mecanismos institucionais deveriam ser criados para promover essas mudanças?
O presente texto busca apresentar parte das respostas a essas indagações. Procura-se
analisar a estrutura de participação social criada no Brasil após o restabelecimento do
regime democrático, no final dos anos 1980. O Brasil hoje é um celeiro de iniciativas e de
idéias no que diz respeito a ampliação da participação de cidadãos e cidadãs nas decisões
públicas. Os brasileiros/as, para além do voto, têm ao seu alcance uma pluralidade de
instâncias e de mecanismos de alargamento da esfera pública, normatizados e inseridos
dentro da burocracia estatal, por pressão de organizações da sociedade civil.
Ao longo dos últimos 20 anos, foram construídos diferentes espaços formais de
participação nos âmbitos federal, estadual e municipal. Assim, por exemplo, estima-se que
existam, atualmente, mais de 40.000 Conselhos de Políticas Públicas, ligados a diversas
estruturas governamentais e que contam com a participação de milhares de organizações
da sociedade civil em todo o país. Apresentar essa inovação institucional, seus impactos e
desafios para a consolidação e ampliação da democracia é o que se pretende realizar.
Quadro 1– Orçamento Participativo
Uma das experiências participativas mais conhecidas internacionalmente é a do Orçamento
Participativo (OP). Desenvolvidas em diversas municipalidades brasileiras, foi em Porto Alegre, no
Estado do Rio Grande do Sul, a partir de 1989, que esse mecanismo de participação de
cidadaões/ãs no debate e na deliberação sobre parte do orçamento público municipal ganhou maior
visibilidade. Segundo pesquisa realizada pelo Fórum Nacional de Participação Popular – FNPP1
(Teixeira, Grazia, Albuquerque, Pontual, 2003), no período de 1997 a 2000, 140 municípios
brasileiros iniciaram um processo de implementação do Orçamento Participativo. O que une essas
iniciativas é a busca pela participação da população na definição de algumas prioridades e na
alocação dos recursos orçamentários em obras e serviços públicos, assim como no
acompanhamento da execução orçamentária do município.
Do ponto de vista educativo, os resultados obtidos pelo envolvimento de parte da população na
gestão municipal são inegáveis. Contudo, a pesquisa indicou que as maiores dificuldades dos OPs
são o montante relativamente pequeno de recursos colocados em discussão (raramente atingindo
10% do orçamento municipal) e a nem sempre efetiva implementação das obras e serviços
deliberados pela população em assembléias. Mesmo assim, em um terço das experiências, a
implementação do OP conseguiu provocar mudanças efetivas na rotina administrativa das cidades.
Quadro 1– Orçamento Participativo
Uma das experiências participativas mais conhecidas internacionalmente é a do Orçamento
Participativo (OP). Desenvolvidas em diversas municipalidades brasileiras, foi em Porto Alegre, no
Estado do Rio Grande do Sul, a partir de 1989, que esse mecanismo de participação de
cidadaões/ãs no debate e na deliberação sobre parte do orçamento público municipal ganhou maior
visibilidade. Segundo pesquisa realizada pelo Fórum Nacional de Participação Popular – FNPP1
(Teixeira, Grazia, Albuquerque, Pontual, 2003), no período de 1997 a 2000, 140 municípios
brasileiros iniciaram um processo de implementação do Orçamento Participativo. O que une essas
iniciativas é a busca pela participação da população na definição de algumas prioridades e na
alocação dos recursos orçamentários em obras e serviços públicos, assim como no
acompanhamento da execução orçamentária do município.
Do ponto de vista educativo, os resultados obtidos pelo envolvimento de parte da população na
gestão municipal são inegáveis. Contudo, a pesquisa indicou que as maiores dificuldades dos OPs
são o montante relativamente pequeno de recursos colocados em discussão (raramente atingindo
10% do orçamento municipal) e a nem sempre efetiva implementação das obras e serviços
deliberados pela população em assembléias. Mesmo assim, em um terço das experiências, a
implementação do OP conseguiu provocar mudanças efetivas na rotina administrativa das cidades.
Conselhos de Políticas Públicas
Os chamados Conselhos de Políticas Públicas2 foram criados com o objetivo de operacionalizar os
ideais participativos presentes na Constituição Federal, permitindo a população brasileira um maior
acesso aos espaços de formulação, implementação e controle social das políticas públicas. Em vez das
decisões governamentais ficarem restritas aos membros do poder executivo e aos gestores públicos,
elas passaram a ser compartilhadas com a sociedade civil.
Muito embora, a figura de um órgão colegiado como um conselho não fosse uma novidade no Estado
brasileiro, a configuração assumida por esses novos espaços após a Constituição de 1988 foi uma
verdadeira revolução institucional. Uma das primeiras políticas públicas a ser inteiramente
reconfigurada dentro desse novo referencial de participação e de descentralização foi a política de
saúde. Criou-se o Sistema Único de Saúde (SUS), para articular todos os serviços públicos e universais
de saúde nos três níveis federativos (União, estados e municípios). Em cada um desses níveis
administrativos, foi implantado um Conselho de Saúde, de caráter deliberativo e permamente, com a
participação obrigatória de metade de representantes da sociedade civil3. O Conselho possui diversas
atribuições legais, dentre elas, a de formular as estratégias e definir as prioridades da política de
saúde, incluindo a aprovação dos recursos públicos destinados à execução dos programas e ações
governamentais. Uma outra atribuição importante é o exercício do controle social da política, por meio
do monitoramento e da avaliação das ações de governo.
Esse modelo foi posteriormente expandido para outras políticas sociais, especialmente àquelas em que
havia previsão constitucional explícita no tocante à participação social, a saber, as políticas de
assistência social e da criança e do adolescente.
Formou-se assim um modelo ideal do que seria um Conselho de Política Pública:
• Paritário (representantes governamentais e representantes da sociedade civil em igual número).
• Deliberativo (com atribuições de deliberar sobre a formulação, as prioridades e o orçamento da
política).
• Com gestão compartilhada da política, permitindo o controle social por parte das organizações e
movimentos da sociedade civil (monitoramento e avaliação).
• Implantado nas três esferas da Federação (União, estados e municípios), formando uma estrutura
de gestão federativa das políticas públicas.
• Com representantes da sociedade civil eleitos autonomamente em fórum próprio, não sendo
indicados por decisão unilateral dos governos.
A Participação Social como processo de consolidação da democracia no Brasil
From Poverty to Power - www.fp2p.org
Quadro 2 – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social – CDES4 Dentre a nova geração de conselhos criados recentemente no Brasil, merece destaque o CDES, instalado em 2003, com o objetivo de assessorar o Presidente da República na formulação de políticas e diretrizes específicas voltadas ao estabelecimento de pactos sociais sobre grandes temas nacionais, como desenvolvimento, reforma tributária e previdenciária, infra-estrutura, bioenergia e políticas sociais, dentre outros. É um conselho integrado por 12 ministros/as de Estado, pelo Presidente do Banco Central e por 90 representantes da sociedade civil indicados pelo Presidente da República (empresários, trabalhadores, movimentos sociais e personalidades). O CDES vem se constituindo como um espaço significativo de interlocução política e de concertação de grandes questões da agenda nacional, apesar de uma desproporcional representação de empresários e sindicalistas em sua composição. Muitas decisões do governo federal, incluindo proposições legislativas (no âmbito da política industrial, reforma tributária, etc) foram inicialmente debatidas e pactuadas no âmbito do CDES. A Participação Social como processo de consolidação da democracia no Brasil From Poverty to Power - www.fp2p.org 5 Conferências Ao lado dos Conselhos, foi criado um outro espaço institucional participativo, de natureza distinta mas complementar, as Conferências. As conferências de políticas públicas ocorrem em períodos regulares (de quatro em quatro anos, ou a cada dois anos) reunindo milhares de pessoas em todo o país. Mais do que um evento, as conferências são um processo que se inicia na esfera municipal, onde para além do debate propositivo sobre a política, elegem-se delegados/as para as conferências estaduais e sucessivamente para a conferência nacional. Uma das principais potencialidades desse mecanismo é a possibilidade de seus participantes contribuírem para a criação de pautas políticas e de uma agenda de prioridades que irão influenciar a política pública determinada no próximo período de sua vigência. Essa agenda será posteriormente monitorada pelas organizações da sociedade civil em diversos espaços políticos, incluindo os conselhos. Nos últimos cinco anos, tem aumentado, e muito, o número de conferências realizadas em todo o país em razão do maior estímulo do governo federal a esse mecanismo de participação. Entre os anos de 2003 e 2006 foram realizadas cerca de 40 conferências nacionais que envolveram mais de 2 milhões de pessoas, entre representantes da sociedade civil (sindicatos, Ongs, movimentos sociais, entidades de profissionais, empresários, igrejas, etc) e dos poderes públicos municipal, estadual e federal. Somente nas etapas nacionais dessas conferências foram produzidas por volta de 5.000 deliberações públicas. Grande parte delas foi incorporada no desenho de diversas políticas públicas setoriais (IPEA, 2007, p. 20). Diante desse intenso ativismo surge, contudo, uma questão: em que medida esse aumento quantitativo dos espaços de participação tem propiciado uma efetiva incorporação das demandas populares nas políticas de Estado. Quantas dessas deliberações foram efetivamente consideradas ou implementadas pelo governo federal em suas diversas políticas? Qual tem sido a efetividade e os limites dessa estrutura participativa criada nos últimos 20 anos no Brasil? Nesse sentido, tentaremos avançar nas próximas duas seções na identificação de alguns resultados e desafios do aprofundamento democrático vivenciado pela sociedade brasileira pelo canal da participação social. Resultados da participação social no Brasil Ao lado das instituições democráticas representativas, é inegável hoje no Brasil o papel institucional dos inúmeros espaços de participação popular na tomada de decisões públicas. Em recente5 mensagem presidencial ao Congresso Nacional de encaminhamento do Plano Plurianual 2008-2011 (Ministério do Planejamento, 2007) – o principal instrumento de planejamento do Estado brasileiro – o Presidente Lula declarou que “A construção desse plano contou com a participação de segmentos representativos da sociedade efetivada em cerca de 40 Conferências sobre diversas políticas públicas, inúmeros fóruns e Conselhos. Essa participação ativa, que será fortalecida na avaliação das políticas a serem implementadas, aprofundará o controle social das ações de governo.” Além de estar incorporada ao modelo democrático em curso no Brasil, a participação social vem produzindo vários resultados, especialmente voltados para o alargamento, pelo menos no plano formal, dos direitos sociais da população brasileira. Nesse sentido, listam-se, a seguir, alguns exemplos das conquistas obtidas graças a contribuição da sociedade, por meio de sua atuação e mobilização: • Qualquer cidadão, independentemente de ser um contribuinte do Estado, tem acesso gratuito a todos os serviços de saúde. A universalização desse direito social básico, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), tem possibilitado substancias melhorias nos indicadores de saúde do país. Não é por outra razão que o Brasil é referência mundial no que diz respeito ao tratamento e à prevenção da epidemia de DST/Aids. • A população em situação de pobreza recebe do Estado benefícios monetários por meio de um conjunto de programas e ações voltados para diferentes públicos, tais como, família, crianças, A Participação Social como processo de consolidação da democracia no Brasil From Poverty to Power - www.fp2p.org 6 jovens, idosos e pessoas com deficiência. Segundo dados oficiais, essas intervenções têm contribuído para combater a pobreza e, sobretudo, para diminuir as desigualdades sociais no país (Ipea, 20066). • Todo trabalhador/a rural tem direito a uma aposentadoria mínima, mesmo não tendo contribuído para a previdência social. Com isso, milhões de famílias têm sido beneficiadas, gerando forte impacto na diminuição da pobreza rural. • aumento real do salário mínimo como resultado da pressão dos movimentos sindicais. Esse aumento tem permitido o alívio da pobreza e o encurtamento das distâncias entre ricos e pobres; isto porque, o salário mínimo é referência para os rendimentos da maior parte dos trabalhadores brasileiros bem como para certos direitos sociais (i.e., benefícios previdenciários e a renda continua de pessoas pobres idosas e com deficiência). • Os programas e recursos destinados à agricultura familiar aumentaram substantivamente sua cobertura nos últimos anos. A título de exemplo, menciona-se o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) cujo volume de recursos destinado ao crédito das famílias de agricultores/as passou de R$ 2,376 bilhões para R$ 7,507 bilhões entre as safras de 2002-2003 e de 2005-2006, ou seja, os recursos mais do que triplicaram em apenas 4 anos. • A principal deliberação da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em 2003 - a construção de um Sistema Único da Assistência Social (SUAS) - está sendo implementada pelo governo federal, provocando um enorme reordenamento do alcance e da qualidade dos serviços sócio-assistenciais no Brasil. • A inclusão na agenda política nacional de temas transversais, essenciais para o combate às desigualdades sociais, tais como, gênero, raça/etnia, juventude, pessoa com deficiência, idosos, orientação sexual e segurança alimentar e nutricional. A mobilização da sociedade possibilitou por em marcha, de forma inédita, um conjunto de medidas e de instituições governamentais voltadas para a implementação de políticas públicas destinadas a enfrentar essas questões. • A maior abertura de áreas tradicionalmente resistentes à participação social, tais como, os Ministérios das Relações Exteriores e do Planejamento. Neste sentido, de forma bastante inovadora, o governo brasileiro vem envolvendo movimentos sociais e organizações da sociedade civil nos processos de elaboração de documentos oficiais e de participação nos espaços internacionais de concertação. Este é o caso, por exemplo, do ciclo de conferências do Sistema ONU (i.e., meio ambiente, população, social, alimentação, financiamento para o desenvolvimento, mulheres, discriminação racial, juventude) e das rodadas de negociação da OMC. Recentemente, o Ministério do Planejamento criou por meio de Decreto uma Comissão paritária, governo e sociedade, encarregada de discutir e monitorar a elaboração e implementação de todo o ciclo orçamentário federal. Quadro 3 - Um caso exemplar: a participação das mulheres na elaboração do Plano Nacional de Política para as Mulheres Apesar dos inúmeros desafios à consolidação da participação social no Brasil, algumas experiências merecem ser destacadas. Uma delas é a participação social na elaboração do Plano Nacional de Política para as Mulheres. Com efeito, apenas recentemente foi criado no país um órgão federal para operacionalizar políticas públicas para as mulheres. A institucionalidade anteriormente existente era o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), constituído em 1985, e que durante os anos 1990 se caracterizou por ser um espaço consultivo e esvaziado. Contudo, em 2003, com a criação da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres - SPM, o Conselho foi reformulado, contando com a presença majoritária de representantes da sociedade civil e com atribuições de caráter consultivo7. No ano seguinte (julho de 2004), o governo organizou a I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, com a presença de 2 mil mulheres em Brasília, sendo que mais de 120.000 mulheres participaram das etapas preparatórias municipais e estaduais. O resultado do processo da Conferência foi a elaboração de uma lista de diretrizes para a formulação do primeiro Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, que orientaria a ação de todo o governo federal no tocante a igualdade de gênero. A Participação Social como processo de consolidação da democracia no Brasil From Poverty to Power - www.fp2p.org 7 Após este importante evento, foi constituído um Grupo de Trabalho governamental que tinha como objetivo elaborar o Plano a partir das diretrizes emanadas da Conferência. Esse GT contou com a participação de duas representantes da sociedade civil, membros do CNDM. Em dezembro do mesmo ano, a SPM lançou o Plano e logo em seguida foi constituído o Comitê de Articulação e Monitoramento do Plano, contando com representação de membros da sociedade civil do Conselho8. Em agosto de 2007, foi realizada a II Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, tendo como um de seus objetivos centrais a avaliação e revisão do Plano. Essa experiência inaugura uma nova etapa nos processos de participação no Brasil que diz respeito à institucionalização de mecanismos plurais de prestação de contas: trata-se, doravante, de aperfeiçoar instrumentos de accountability nos moldes do sistema de monitoramento e avaliação das ações públicas implantado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres. Apesar desses indiscutíveis avanços, a consolidação da participação social no Brasil ainda enfrenta inúmeros desafios, podendo se destacar: (i) a resistência de diversos setores do poder público em efetivamente compartilhar o poder com organizações da sociedade; (ii) a grande distância que subsiste entre os resultados formais e reais da participação. Até o momento as conquistas se deram no plano da legalidade; agora é preciso efetivar os direitos, garantido a todos o seu acesso; (iii) a fragilidade das organizações da sociedade civil tanto do ponto de vista financeiro como político; e, (iv) a dificuldade de estender a participação social para o campo da política econômica. Desafios à consolidação da participação social no Brasil O desafio de abrir mais o Estado Dentro da burocracia estatal não há unanimidade no que se refere à participação social. Existem inúmeros gestores públicos que não estão dispostos a partilhar o poder fora do espaço da democracia representativa. Esses gestores relutam em efetivamente abrir-se para a o diálogo com a sociedade e aceitar as deliberações oriundas de órgãos colegiados como os conselhos e as conferências. Segundo Enid Rocha9, que foi Secretária Nacional Adjunta de Articulação Social da Secretária Geral da Presidência da República, “quanto mais atribuições importantes tem um Conselho, mais esvaziado ele é em termos de sua representação governamental.” Nessa mesma linha argumentativa, é importante destacar a ressalva de Tatagiba (2004, p. 366), quando da análise dos conselhos municipais de políticas públicas na cidade de São Paulo. A autora afirma que: 'no caso de as correlações de força dentro dos Conselhos serem muito desfavoráveis, ele pode ser levado ao isolamento, passando a uma existência meramente formal, porque obrigatória. Quando isso acontece, em vez de atuar no sentido de reinvenção institucional, os conselhos gestores podem constituir-se como institucionalidade paralela, com pouco ou nenhum efeito democratizante sobre as instituições estatais. Esse é um dos problemas freqüentemente apontados nos estudos de caso: conselhos fragilizados que não conseguem se legitimar como instâncias de participação, que acabam sendo renegados à função de legitimadores das decisões de órgãos executivos.' Esse baixo comprometimento de setores governamentais também contribui para uma falta de integração e coordenação entre os processos participativos. Muitas vezes as deliberações tomadas em conferência ou conselhos de áreas diferentes são contraditórias entre si. Buscando vencer esse desafio, o governo do Presidente Lula criou uma instância específica dentro do Palácio do Planalto. Essa Secretaria tem dentre suas atribuições, “garantir maior articulação e sinergia entre as relações políticas do Governo com a sociedade civil organizada e entre o conjunto de mecanismos e iniciativas setoriais de participação social hoje existentes na formulação, acompanhamento e controle de políticas públicas”10. Note-se, contudo, que esse objetivo tem sido parcialmente cumprido até o momento. Para alguns críticos, a lógica do governo federal tem sido o da governabilidade social e da consulta, não avançando em uma
O desafio do fortalecimento das organizações da sociedade civil
Uma estrutura de participação nas políticas públicas pressupõe a existência de organizações da
sociedade civil fortalecidas e autônomas. Para atuar, técnico e politicamente, em conselhos e
conferências são necessários recursos humanos qualificados. É preciso os representantes da sociedade
entendam minimamente de aspectos da burocracia estatal, como os instrumentos de planejamento,
gerencia
d
ocorre.
Atualmente, há uma lacuna de processos de formação política e educação popular – que ocorriam com
muita força no passado – por três razões principais:
• a falta de prioridade das agências internacionais de cooperação em financiar ações de ONGs de
assessoria e defesa de direitos vinculadas à capacitação de lideranças e formação polític
• o sufocamento dos setores progressistas da Igreja Católica ligados à Teologia da Libertação,
devido a rápida e bem sucedida “contra-revolução” conservadora, vinda do Vaticano;
A Participação Social como processo de consolidação da democracia no Brasil
From Poverty to Power - www.fp2p.org 9
• a insuficiência de recursos para o financiamento institucional das organizações da sociedade civil.
Com efeito, o chamado campo progressista de organizações da sociedade civil, vinculados ao
processo do Fórum Social Mundial, tem sofrido dificuldades em garantir sua sustentabilidade
financeira e política, devido aos recursos cada vez mais minguados e delimitados das agências
internacionais de cooperação, parceiras históricas no fortalecimento da sociedade civil brasileira e
na luta pela efetivação de direitos. Ademais, encontram-se limitações para a mobilização de
recursos locais para ações mais transformadoras e aliadas a processos educativos. Isto porque, de
um lado, ainda não existe no país uma cultura de doação na sociedade brasileira. As pessoas
quando o fazem, doam recursos para ações assistenciais e caritativas, de baixo potencial
de
rupos sociais diversos e de ampliação da esfera pública. Pelo contrário, as organizações são
r suportada por militantes
rofissionalizados, com tempo e disposição para entender e operar por dentro da máquina estatal.
ganizações a existência
mesmas são de natureza essencialmente técnica e, portanto,
evem ser tomadas por especialistas. Nesse sentido, diz-se que a economia colonizou a política, uma
onômica. Os mecanismos
istentes estão inseridos em uma dinâmica de geração de consenso tendo como pano de fundo a escassez de
rticipar. É considerado algo que atrapalha
talmente”. Vê-se, portanto, que o caminho a ser percorrido de criação de espaços participativos
transformador. De outro lado, o Estado brasileiro tem optado por financiar preferencialmente
organizações da sociedade civil que executam serviços sociais básicos.
Cabe dizer também que o arcabouço jurídico que rege as relações das organizações da sociedade civil
com o Estado brasileiro é anacrônico e foi historicamente construído a partir de uma perspectiva
instrumental de prestação de serviços (e de colaboração com o Estado). Em função disso, praticamente
não existem na legislação brasileira incentivos públicos ao fortalecimento da organização autônoma
g
submetidas a uma intensa e complexa burocracia que dificulta, inclusive, que diversos grupos sociais
encontrem formas de representação e expressão em espaços públicos institucionais de participação
Devido a todos esses constrangimentos, muitas organizações da sociedade civil têm que optar entre
concentrar recursos e esforços na luta institucional dentro do Estado (por meio dos conselhos de
políticas, conferências, orçamento participativos) ou por processos de mobilização e formação política
na sociedade. Para muitos a chamada “luta institucional” só poderia se
p
Cabe dizer, entretanto, que pelas dificuldades financeiras enfrentadas pelas or
de militantes profissionalizados é um artigo de luxo no movimento social.
Registros das atuações dos conselhos abrangidos pela RH VIII
CONSELHO DE Macaé
COMMADSConselho Municipal de Meio Ambientee Desenvolvimento SustentávelMacaé/RJSecretária Executivasema.commads@macae.rj.gov.br22 2762 4802 - ramal 210
Ver calendário de reuniões do COMMADS e levar as suas reivindicações, torne-se uma liderança em seu bairro, realize reuniões, faça atas e encaminhe para os nossos endereços:
(caixa de diálogo nesta página)
sites:
www.navivenciaecologia.com.br
www.girasolsam.blogspot.com
www.omeurioquesefoi.blogspot.com
www.navivenciaecologica/facebook.com
salveoplaneta@ig.com.br
A minha chegada ao COMMADS se deu no dia 14 de abril através de um convite de Ingrid Stigger,
após sua nobre visita na loja Planeta Eco no NAVE: Núcleo Ambiental de Vivência Ecológica.www.navivenciaecologica.com.brhttps://www.facebook.com/Navivenciaecologica?ref=hlA partir daí decidí que precisávamos aproximar este leque de programas governamentais, políticas, leis, e todos os envolvidos no processo produtivo, a sociedade civil com as ações
ambientais. Criar mecanismos de apoio mútuo e busca do desenvolvimento sustentável das cidades em questão.Neste dia estava sendo deliberada a ata sobre o parecer negativo do licenciamento ambiental do Porto de Macaé, e suas justificativas no EIA/RIMA. Insatisfação dos conselheiros sobre a falta de informação e clareza nas audiência públicas e nas justificativas que seguem desrespeitando a
PNMA, de crimes ambientais e outras leis, na possível construção do porto de Macaé que
envolve as empresas Queiroz Galvão e Masterplan. Outro fator levantado foi a doação do terreno para o porto feita pela prefeitura, que seguiram em deliberação nesta ata deste dia.
Vou descrever algumas anotações que fiz, tendo em vista que, estou providenciando a ata referente a este dia.
conselheiros solicitam que, as empresas sejam convidadas a participar das reuniões do
COMMADS sobre, o novo condomínio Bella Vista que já se anuncia.
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